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terça-feira, 26 de setembro de 2017

Livro: Tudo O Que Temos Cá Dentro

Olá! Trago um post diferente do habitual.
Não procuro fazer uma resenha (que outra palavra poderia usar neste caso?), mas sim apresentar-vos excertos que me marcaram ao ler este livro, Tudo O Que Temos Cá Dentro de Daniel Sampaio.
Precisei de ler este livro para apresentá-lo à turma no ano passado, e surpreendeu-me inimaginavelmente pela positiva. Quando escolhi lê-lo - cativada pelo título intrigante -  nunca me passaria pela cabeça que abordaria temas tão profundos como o suicídio juvenil. Nunca me passaria pela cabeça que se trataria de um caso clínico transformado numa obra de leitura, onde estavam igualmente presentes a perspetiva do jovem transtornado e do psiquiatra - o próprio autor.

~


Só para vos situar no contexto da obra, esta remete-nos para o caso de Nuno, um rapaz de 17 anos que se deparou com o suicídio de Rita, uma amiga - talvez mais do que amiga. Acontece que os dois se relacionaram, e tiveram uma história. Uma história tão rápida - mas tão vivida - que parecia surreal. Enquanto que Rita afirmava querer ficar com Nuno para a vida toda, ele ficava confuso, sem a conseguir entender, pois o tempo que passaram juntos fora tão curto que se recusava a aceitar que seria uma relação duradoura (apesar de também o sentir).
E ele sabia tão pouco sobre ela. Sobre os problemas dela, sobre tudo aquilo com que ela lidava todos os dias, sobre o facto de ela só se sentir viva perto dele. Desconhecendo isto, Nuno decide afastar-se de Rita, que logo entra em desespero e se sente a morrer após o seu próprio renascimento. Algum tempo depois, a notícia do suicídio de Rita chega aos ouvidos de Nuno - bem como uma carta que lhe foi dirigida. Posteriormente, os pais de Nuno decidem procurar ajuda para o filho, que se fechava cada vez mais para o mundo.


Excertos que me marcaram (pessoalmente):
são bastantes, desculpem
"Começo, muito devagarinho, a pensar que vale a pena viver, (...)"
"Quando as pessoas estão em fases em que não se ouvem, têm de gritar"
"O que mais gosto nos amigos é a maneira como dão apoio sem falarem disso, a forma como se preocupam comigo sem precisarem de o mostrar"
 "Posso viver de novo?"
"(...) Que mais posso querer? Talvez um pouco mais de atenção (...)" 
"Pela minha parte, sinto que tenho uma espécie de dívida de gratidão"
 "A autodestruição surge após múltiplas perdas, fragmentos de dias perdidos ao longo dos anos, ruturas, pequenos conflitos que se acumulam hora a hora, a tornar impossível olhar para si próprio. O suícidio é uma estratégia, às vezes uma tática de sobrevivência quando o gesto falha, tudo se modifica em redor após a tentativa. E quando a mão, certeira, não se engana no número de comprimidos ou no tiro definitivo, a angústia intolerável cessa naquele momento e, quem sabe, uma paz duradoura preenche quem parte."
"Ou, pelo contrário e talvez mais provável, fica-se na dúvida entre viver ou morrer, a cabeça hesita até ao último momento, quer-se partir e continuar cá, às vezes deseja-se morrer e renascer diferente."
"« O suícida é aquele que corta a garganta e ao mesmo tempo grita por socorro » - Shneidman"
 "Eu sou o guia da nossa viagem, mas tu determinas a velocidade."
 "A pouco e pouco te expliquei o meu terror. Não quiseste ouvir-me. E, afinal, o que sentiste?"
 "Sombras, frios, barulhos estranhos, invadem-me dia após dia. Oiço os teus passos. Surpreendo-me a escutar o ruído da tua mota. (...) Serás capaz de entender o silêncio dos meus gestos? Poderás escutar-me por minutos?"
 "Quando te conheci, senti-me renascer."
 "Ninguém compreenderá que dos seis aos dezoito anos morri todos os dias, exceto naquele momento em que pensei viver contigo"
"Sei que desistiram, mas quanta coragem física foi necessária para ir em frente, no tal caminho sem luz, à espera de uma paz impossível de encontrar em vida? Quantos avanços e recuos, sensações de que melhores dias acabariam por vir (...)"
"Aceito as decisões, protesto contra o egoísmo. Não pensaram um minuto em nós."
"Decerto também fomos importantes, como foi possível partirem sem se preocuparem connosco? Porque razão nos abandonaram, nos deixaram cheios de dúvidas, raivas surdas pelas vossas mortes, sensações de que nada será como dantes?"
 "E a morte é a certeza definitiva de que não continuaremos a errar, a segurança derradeira de que a dúvida terminou. A completa confirmação de que já não é possível hesitar, voltar atrás, andar por outro lado. A decisão de caminhar em frente, para o precipício, sem poder escolher nenhum atalho. A estrada que o coração por fim abandonou. Como se estivéssemos de vez sem luz."
 "Tenho medo de morrer. Quem não tem? Mesmo aqueles que (...) acreditam na reencarnação, receiam a morte."
"temos de dar um ao outro (finalmente) tudo o que temos cá dentro / escureceu muito, já não estás ao meu lado, tenho medo afinal é tudo sonho, estou sozinho e tu partiste / batem as portas... / olho para trás e afinal ainda lá estás, amor."

4 comentários:

  1. Oii Ani ^ω^

    O livro parece ser muito interessante, achei o tema suicídio por "falta de amor" atual. Aqui No Brasil o mês de Setembro é o mês da prevenção ao suicídio, ou seja, estão tendo muitas campanhas e palestras sobre como ajudar essas pessoas. Mas voltando ao livro, os excertos que você escolheu, de certa forma me deu vontade de ler o livro, mesmo não sendo uma leitora ativa. Também achei o título intrigante e vou procurar aqui para ler.

    Beijos!!

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    1. Hey Nat!

      É verdade, eu vi pela internet várias imagens alusivas ao "Setembro Amarelo". Acho muito importante sensibilizar as pessoas para a seriedade destes problemas, e da necessidade de procurar por ajuda. São assuntos sérios que muita gente tende a ignorar...

      Fico feliz por se ter interessado na obra devido às minhas citações! Estava com medo que fossem demasiadas e que as pessoas achassem chato...
      Não sei se há no Brasil, mas digo já que o livro não é muito extenso e é de leitura relativamente fácil; penso que, mesmo lendo pouco de cada vez, em poucos dias se conclui.

      Obrigada por comentar!
      Beijinhoos!

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  2. Oi Ani <3

    Me cativei muito por sua pequena resenha, apesar de estar curta, conseguiu de alguma forma me fazer ficar com aquela vontade de ler o livro, sem contar que o tema é muito interessante, e não parece ser muito clichê. Sinto que choraria ao lê-lo. O livro contém quantas páginas? Porque ultimamente estou sem tempo para ler livros com mais de 200 páginas ( apesar de amar aquela sensação de estar chegando nas 400 ou 500 folhas ).

    As frases ( excertos ) que escolheste são muito boas! Diria que tens bom gosto em procurar por isso. Eu normalmente nem presto atenção em frases que me cativam, e muitas coisas passam batidas. Também não costumo reler meus livros ( nem para ler eu arranjo tempo, imagina para reler ) mas caso ocorra, eu presto mais atenção nos detalhes.

    Quando estiver disponível irei tentar comprá-lo e lê-lo. Não garanto nada udshadshu Mas, ele já está na minha listinha ♡

    Obrigada pela recomendação
    Beijinhos da Merlia ♡~

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    1. Woa, fico cheia de alegria ao ler o seu comentário. É bom saber que de certa forma consegui cativar as pessoas. E não, não considero um clichê. Penso que seja uma história muito única, e supostamente, diz lá que é baseado num caso clínico real. Se não for real, dá muito a ideia de o ser! As consultas com o psiquiatra acontecem depois de um determinado período de tempo, então a história vai chegando ao leitor através de memórias e pensamentos, a pouco e pouco, e focam no progresso (positivo) do rapaz~
      O livro tem 215 páginas! E não é de leitura difícil (na minha opinião) :D
      Ainda bem que gostou!! Um dos motivos que me fez demorar tanto com a publicação deste post - porque eu li-o há mais de 1 ano - foi por achar que as pessoas considerariam "chato", ou que não gostassem dos excertos. Só que eu gostei tanto da obra que a fui guardando no coração até hoje.
      Também não costumo reler livros, mas fui anotando partes que me chamaram à atenção durante a leitura.

      Ora essa, de nada! Espero que se um dia conseguir comprá-lo, usufrua dele tanto quanto eu!

      Beijinhos, Ani ~♥

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